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DISSE FÊMEA*

Mãe, epítome do amor.

À qual e da qual deriva o conhecimento do amor, amar e ser amado. Graças às figuras parentais, biológicas ou não, aprende-se a amar, perpetuam-se padrões de (des)afecto e de comportamento. É também graças a elas que se quebram outros. 

Um dos papéis estereotipados designados a uma mulher passaria pela determinação da sua biologia: ser mãe. Mas se os séc. XIX e XX começaram a questionar o lugar que as mulheres ocupavam na sociedade, reivindicando direitos e liberdades que socialmente lhes eram vedados, então o corpo e a apropriação que a mulher faz do seu próprio corpo passou a ser não só um veículo como também uma forma de resistência.

É essa forma de resistência o mote para Disse Fêmea. Através das fotografias, do suporte da palavra escrita e de imagens de arquivo, cria um diálogo visual entre mãe e filha, questionando a continuidade de papéis outrora considerados imutáveis e as escolhas individuais que uma mulher “pode” ou não fazer. Disse Fêmea trabalha o simbolismo da escolha de uma mulher em não ser mãe. Dos direitos conquistados e consagrados advém a apropriação do seu próprio corpo e a escolha do seu caminho que pode não passar pela maternidade, numa representação ideológica de que a identidade de uma mulher encontra-se separada do seu papel social e biológico. 

Disse Fêmea é um projecto sobre o corpo, a passagem do tempo, o afecto e ausência. É sobre conquistas resultantes de resistência. É um agradecimento. E é também uma homenagem à maternidade e às mulheres da minha família.

*O título Disse Fêmea é uma referência à canção de Jorge Palma, do álbum É Prohibido Fumar (2001).

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